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Sensibilidade em O Retrato de Jennie.

domingo, 17 de abril de 2011


"There is no life, my darling, until you love and have been loved. And then there is no death.(Jennie Appleton) 
Produzido por David Selznick, o nome por trás do lendário clássico E O Vento Levou, e dirigido pelo alemão William Dieterle, com base no livro homônimo escrito por Robert Nathan (com tradução de Érico Veríssimo no Brasil), O Retrato de Jennie é uma projeção sensível de romance e mistério, cuja trama centraliza-se em uma comovente e transcendental história de amor capaz de superar o tempo e o espaço entre o fracassado pintor Eben Adams e a sua grande musa Jennie Appleton.


Prologue: Since time began man has looked into the awesome reaches of infinity and asked the eternal question: What is time? What is life? What is space? What is death? Through a hundred civilizations, philosophers and scientists have come together with answers, but the bewilderment remains... Science tells us that nothing ever dies but only changes, that time itself does not pass but curves around us, and that the past and the future are together at our side for ever. Out of the shadows of knowledge, and out of a painting that hung on a museum wall, comes our story, the truth of which lies not on our screen but in your hearts.
Prólogo do filme: Desde o início dos tempos, ao observar o impressionante alcance do infinito, o Homem tem se perguntado a eterna questão: O que é tempo? O que é a vida? O que é o espaço? O que é a morte? Através de centenas de civilizações, filósofos e cientistas se reúnem em busca da resposta, mas a confusão permanece... A ciência explica que nada se perde e tudo se transforma; Que o tempo não passa por nós, mas nos rodeia; e que o passado e o futuro caminham juntos conosco por todo o sempre. Nossa história está fora das sombras do conhecimento e fora de um quadro pendurado na parede de um Museu, cuja verdade não reside em nossas telas, e sim em nossos corações.
O conjunto técnico ainda recebe o toque do último trabalho fotográfico de Joseph H. August, que não apenas recebeu da Academia uma indicação de Melhor Cinematografia em Preto-e-Branco em 1949 pelo filme, após o seu falecimento em 1947, assim como foi o vencedor da categoria; Assim como contém ótimas atuações de Jennifer Jones (A Canção de Bernadete e Suplício de uma Saudade), Joseph Cotten (Cidadão Kane) e Ethel Barrymore, transformando este fracasso de bilheteria e relativamente desconhecido título em uma obra-prima inesquecível.
*O filme já está disponivel em DVD.

Engraçado como o tempo, de fato, transforma a natureza das coisas. 

(Re)Nasce Uma Estrela (1954)

terça-feira, 10 de agosto de 2010
Quantos momentos cinematográficos permanecem indeléveis a nossa memória, distintos e únicos? Eu sei que já fiz essa pergunta em algum outro post, e que esse é um tema que eu poderia passar meses discutindo, pois a lista interminável. Aliás, poderia facilmente começar pelo meu filme e musical favorito de todos os tempos, "A Noviça Rebelde", mas isso é burburinho para outra hora e oportunidade.

Hoje estou aqui para falar de um filme – um musical, que para aqueles que não sabem, é provavelmente meu gênero cinematográfico preferido – cuja importância para a carreira de Judy Garland foi imenso, nos mais diversos aspectos.


Nasce Uma Estrela (1954) surgiu quando o produtor Sid Luft, que na época era casado com Judy Garland, propôs ao diretor George Cukor, a idéia de realizar um “remake” do filme original lançado em 1937, tendo sua esposa como “leading lady.” Anteriormente Cukor havia declinado o convite de dirigir a versão de 1937, por achar que a história era muito semelhante a de seu próprio filme lançado em 1932, chamado “What Price Hollywood?”

Mas desta vez a proposta havia sido tentadora demais para ser recusada – além do “remake” ter sido seu primeiro musical e longa-metragem filmado em tecnologia “technicolor”, ele estaria na companhia de dois gigantes: Moss Hart, roterista do filme, a quem podemos relembrar como diretor do igualmente maravilhoso musical “My Fair Lady”, e a grande protagonista, para qual este remake estava sendo feito, Judy Garland.



As filmagens iniciaram-se em outubro de 1953 e Cukor teve que lidar com o lado obscuro de estar lado a lado com uma estrela. Judy não trabalhava há quatro anos e sua dependência ao álcool se tornava inegável à indústria, de maneira que seu comportamento “on-set”, junto ao seu comprometimento se tornava pouco confiável. Não obstante, Garland sofria com o famoso, porém detestável, efeito “sanfona”, emagrecendo e ganhando peso com freqüência, além de enfrentar outras questões psicológicas.


Sendo assim, seria redundante dizer que a produção do filme, que durou em torno de dez meses, não foi o que chamaríamos de mar-de-rosas. Contudo, é válido acrescentar que “Nasce Uma Estrela” é de Judy Garland, por direito e merecimento. Não por ter não ter tido um elenco sólido e competente, ou por  ter interpretado todas as canções da fabulosa trilha-sonora, e ainda por ter seu marido como produtor do longa-metragem; pelo contrário, como verdadeira “tour-de-force”, Judy deu um show e o transformou no melhor filme de sua carreira, através de uma atuação intensa, carregada de um “jê nes sais quois” que transcende as barreiras do tempo e reafirma o que já sabíamos: Judy Garland era uma estrela, capaz de criar aquele momento o qual eu havia mencionado anteriormente, que se torna inapagável em nossas memórias.


Certamente a cena preferida pela maioria é onde Esther Blodgett (Judy Garland) canta a inesquecível “The Man That Got Away” em um bar de segunda, mas a minha escolha é a cena onde acompanhamos o oficial adeus à Esther e damos um “hello” ao começo de carreira de Vicky Lester, com a sua estréia cinematográfica. A sequência ilustra toda a capacidade vocal de Judy Garland, e reafirma sua qualidade como grande “entertainer”, conferindo-lhe ainda o direito de ter sido a grande vencedora do Academy Awards, ao qual ela foi indicada como Melhor Atriz in a Leading Role; direito este que lhe foi tirado por Grace Kelly, que levou a estatueta por sua atuação em “The Country Girl”. (Nada contra Grace ou o filme, que a propósito, ainda não assisti)

À nível de curiosidade, a sequência a qual me refiro foi uma das últimas cenas a serem acrescentadas ao filme, visto que os chefões da Warner Bros. Studios alegavam que até então, não estava claro que Vicky Lester havia se tornado uma estrela. Nela, passamos a ver um rápido filme dentro do filme, onde Judy interpreta o medley de “Born in a Trunk,” cuja duração é de mais ou menos 10 minutos no longa-metragem de estréia de Vicky.


Mais que o grande número de balé realizado durante esta cena, que era tão característico dos musicais produzidos pela MGM, é preciso falar da música. “Born in a Trunk”, cuja letra e música foram compostas por Roger Edens e Leonard Gershe, é um resumo da personagem que Vicky está interpretando em seu musical. A história é de uma moça que nasceu e cresceu nos bastidores de um teatro, graças aos pais que eram artistas, sendo testemunha do suor, dedicação e trabalho que o ofício requer. 

Em seguida, trechos da canção "I’ll Get By", do Roy Turk e Fred E. Ahlert (que a propósito, foi cantada por Marilyn Monroe quando ela esteve no Actors Studio, e que de acordo com relatos, emocionou a platéia) é cantado de maneira a dar continuidade na narração da biografia da personagem.

Trecho de "I’ll get By" 
“Eu aprendi rapidamente os truques do negócio, e ficava ensaiando após todos terem ido embora. Com os truques, eu aprendi sobre tradições, e a mais difícil delas é saber que, apesar de tudo, o show deve continuar."


Depois temos “You Took Advantage of Me”, composta por outra dupla preferida, Lorenz Hart e Richard Rodgers. Após “The Black Bottom”, por Perry Bradford, Vicky conta que sua personagem finalmente consegue ir para New York, imaginando que irá cantar para a “high society”. Temos então “The Peanut Vendor”, por Moises Simons e “My Melancholy Baby”, por Ernit Burnett e George A. Norton. Fechando com chave de ouro, Vicky (ou Judy) eternize "Swanee", por Gershwin (brilhante!) e Ceasar

“Swanee! How I love you, how I love you, my dear old Swanee. I'd give the world if I could only be sittin' on my mammy's knee. I love the old folks, I love the young folks. Oh my bunny, let me love ya more than Alabamy! Mammy, mammy, my dear old mammy, your wanderin' child will wander no more when I get to that Swanee shore!”



Então está aí, o meu momento de "A Star is Born", que ficará para sempre em minha memória: Judy em seu melhor, emocionando, transpirando talento, reafirmando que ali renascia uma estrela, sentada na beira de um palco, cantando a história de tantas outras... “So I can't quite be called overnight sensation, for it started many years ago, when I was born in a trunk at the Princess Theatre, in Pocatello, Idaho.”


Chico Xavier, uma (cine)biografia.

sexta-feira, 2 de abril de 2010
Algo me diz que eu não deveria estar escrevendo uma resenha – e talvez não devesse mesmo; mas em respeito à memória de Chico Xavier, darei uma breve pausa em minha corrida vida acadêmica para falar-lhes de sua (cine)biografia lançada hoje, no dia em que comemoraria o seu Centenário.


"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."
Sob direção de Daniel Filho, o filme Chico Xavier, cuja história é baseada no livro escrito pelo jornalista Marcel Souto Maior, As Muitas Vidas de Chico Xavier, narra de maneira sucinta (ao menos dentro do gênero cinebiográfico) a trajetória do médium e cristão Francisco Cândido Xavier, nascido no interior de Minas Gerais; homem materialmente pobre, com um espírito de pura riquesa; um célebre "facilitador" da palavra da Doutrina Espírita no Brasil. 

Memórias do menino que aos quatro anos de idade têm sua mediunidade aflorada, ou de sua juventude e as tribulações que se apresentam diante de seu dom e do desenvolvimento da Doutrina Espírita no Brasil, ou até mesmo sua velhice são intercaladas à temporalidade na qual seria considerada como presente: a participação de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, da extinta TV Tupi, onde o mesmo passaria por uma verdadeira sabatina realizada por diversos profissionais à procura de desmascará-lo e desmoralizá-lo. Ainda, em trama paralela à vida de Chico, segue a história de um casal, interpretados por Christiane Torloni e Tony Ramos, que passam por séria dificuldade em aceitar a morte abrupta de seu filho.

Diante do assunto ao qual o filme aborda, esta potencialmente seria a oportunidade de colocar a Doutrina Espírita em evidência, talvez à procura de uma melhor (ou maior) aceitação da sociedade, ou esclarecimentos acerca de sua procedência. Ao invés disso, o filme procura focalizar na pessoa humana do fenômeno que todos consideravam ser Chico Xavier. Ainda mais, o filme transmite a mensagem de solidariedade ímpar a qual todos, sem excessão, temos por necessidade de encontrar no próximo, e que se constitui como parte da esperança que inevitalmente abrigamos dentro de nossos corações.

Em termos técnicos, a fotografia e edição de imagem são extremamente dignas de felicitações. Comemora-se, por si só, o fato de não termos o uso excessivo de recursos computadorizados para dar (literalmente) aura a Emmanuel, espírito-guia de Chico, o que poderia ter facilmente reduzido os efeitos visuais a um terrível clichê. E as transições das montagens na cronologia são muito bem construídas. O roteiro é equilibrado, e narra sem melodramaticidade ou endeusamento da personagem principal, com pequenas injeções bem-humoradas que quebram a tensão do história. Além disto, o filme traz um elenco honesto e despido de possíveis interpretações canastronas. Em especial, vale à pena comentar o trabalho sólido de Nelson Xavier, ator que interpreta Chico durante sua terceira idade. Nelson está assombrosamente preciso, ambos em caráter físico e intelectual, e é capaz de envolver até os mais incrédulos na história e mistérios acerca do mundo da Espiritualidade e luz o qual Chico Xavier fazia parte.

Felizmente, o longa está fadado a ser sucesso de bilheterias. Crentes ou não naquilo que não é (supostamente) tangível ou explicável, veremos famílias brasileiras saindo de suas tocas para brevemente testemunhar através de um filme que cumpre sua missão, nos cativando e emocionando, a trajetória deste que foi inegavelmente iluminado por Deus.

Trechos da participação que de fato ocorreu durante a década de 70, de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, são exibidos durante a rolagem de créditos, dando fim àqueles que duvidam da veracidade de partes da narração, acrescentando um toque extra à qualidade do longa-metragem.

É bom reconhecer à quantas léguas o cinema brasileiro anda.