Chico Xavier, uma (cine)biografia.

sexta-feira, 2 de abril de 2010
Algo me diz que eu não deveria estar escrevendo uma resenha – e talvez não devesse mesmo; mas em respeito à memória de Chico Xavier, darei uma breve pausa em minha corrida vida acadêmica para falar-lhes de sua (cine)biografia lançada hoje, no dia em que comemoraria o seu Centenário.


"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."
Sob direção de Daniel Filho, o filme Chico Xavier, cuja história é baseada no livro escrito pelo jornalista Marcel Souto Maior, As Muitas Vidas de Chico Xavier, narra de maneira sucinta (ao menos dentro do gênero cinebiográfico) a trajetória do médium e cristão Francisco Cândido Xavier, nascido no interior de Minas Gerais; homem materialmente pobre, com um espírito de pura riquesa; um célebre "facilitador" da palavra da Doutrina Espírita no Brasil. 

Memórias do menino que aos quatro anos de idade têm sua mediunidade aflorada, ou de sua juventude e as tribulações que se apresentam diante de seu dom e do desenvolvimento da Doutrina Espírita no Brasil, ou até mesmo sua velhice são intercaladas à temporalidade na qual seria considerada como presente: a participação de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, da extinta TV Tupi, onde o mesmo passaria por uma verdadeira sabatina realizada por diversos profissionais à procura de desmascará-lo e desmoralizá-lo. Ainda, em trama paralela à vida de Chico, segue a história de um casal, interpretados por Christiane Torloni e Tony Ramos, que passam por séria dificuldade em aceitar a morte abrupta de seu filho.

Diante do assunto ao qual o filme aborda, esta potencialmente seria a oportunidade de colocar a Doutrina Espírita em evidência, talvez à procura de uma melhor (ou maior) aceitação da sociedade, ou esclarecimentos acerca de sua procedência. Ao invés disso, o filme procura focalizar na pessoa humana do fenômeno que todos consideravam ser Chico Xavier. Ainda mais, o filme transmite a mensagem de solidariedade ímpar a qual todos, sem excessão, temos por necessidade de encontrar no próximo, e que se constitui como parte da esperança que inevitalmente abrigamos dentro de nossos corações.

Em termos técnicos, a fotografia e edição de imagem são extremamente dignas de felicitações. Comemora-se, por si só, o fato de não termos o uso excessivo de recursos computadorizados para dar (literalmente) aura a Emmanuel, espírito-guia de Chico, o que poderia ter facilmente reduzido os efeitos visuais a um terrível clichê. E as transições das montagens na cronologia são muito bem construídas. O roteiro é equilibrado, e narra sem melodramaticidade ou endeusamento da personagem principal, com pequenas injeções bem-humoradas que quebram a tensão do história. Além disto, o filme traz um elenco honesto e despido de possíveis interpretações canastronas. Em especial, vale à pena comentar o trabalho sólido de Nelson Xavier, ator que interpreta Chico durante sua terceira idade. Nelson está assombrosamente preciso, ambos em caráter físico e intelectual, e é capaz de envolver até os mais incrédulos na história e mistérios acerca do mundo da Espiritualidade e luz o qual Chico Xavier fazia parte.

Felizmente, o longa está fadado a ser sucesso de bilheterias. Crentes ou não naquilo que não é (supostamente) tangível ou explicável, veremos famílias brasileiras saindo de suas tocas para brevemente testemunhar através de um filme que cumpre sua missão, nos cativando e emocionando, a trajetória deste que foi inegavelmente iluminado por Deus.

Trechos da participação que de fato ocorreu durante a década de 70, de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, são exibidos durante a rolagem de créditos, dando fim àqueles que duvidam da veracidade de partes da narração, acrescentando um toque extra à qualidade do longa-metragem.

É bom reconhecer à quantas léguas o cinema brasileiro anda.

1 comentários:

  1. Oi, Lorena!

    Que alegria saber que esse filme é bom! Quero muito vê-lo. Parece que o cinema nacional está passando a perna no estrangeiro, hein? Maravilha!
    Eu e minha família temos uma relação estreita com o espiritismo. Queremos muito ver o filme desde que vi o trailer dele pela primeira vez (extremamente emocionante, por sinal) há uns 2 meses. Depois de vê-lo passo por aqui de novo.

    Bjocas e cuide-se, ok! E Feliz Páscoa!
    Dani

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