O ano era 1937, e Richard Rodgers e Lorenz Hart haviam composto letra e música para o espetáculo “Babes in My Arms”. Dois anos mais tarde, em 1939, este musical da Broadway seria adaptado às telonas do cinema, sendo estrelado pela dupla Mickey Rooney e Judy Garland.
Dentre as várias canções do espetáculo que viriam a ser eternizadas – “Where or When”, “I Wish I Were in Love Again” e “The Lady is a Tramp”, só para citar algumas – uma recebeu destaque especial ao ser popularizada através do Jazz anos mais tarde.
“My Funny Valentine”
O conceito era simples, quase clichê.
Em sua autobiografia, Richard Rodgers conta que a canção “My Funny Valentine” foi escrita para Susan Ward, a protagonista da história. Nela, Susan satiriza alguns atributos físicos do seu interesse amoroso Valentine White. Entretanto, ao final ela pede que ele não tente mudar, pois são seus “defeitos” que a cativam. Contudo, mais do que o belo arranjo composto ou as belas palavras escritas por "Rodgers e Hart", a verdadeira receita para o sucesso, e por fim, eternalização desta música, estaria nas mãos – ou melhor, nas vozes daqueles que a cantariam nos anos por vir.
Tudo começou com a vocalista da Orquestra Hal McIntyre Ruth Gaylor, que colocou a canção no décimo-sexto lugar das paradas da Billboard por uma semana, com a sua gravação em 1945. Ainda sim, essa notoriedade foi efêmera e logo "My Funny Valentine" entrou em outro período de esquecimento, ficando à mercê dos cantores dos cabarets da cidade de Nova Iorque, que tinham por tradição manter essas grandes melodias dos anos 20 e 30 vivas.
A música só seria resgatada em 1952, pelo tocador de trompete Chet Baker, que até então era conhecido exclusivamente por ser um instrumentalista; e depois verdadeiramente popularizada, através da regravação na voz de Frank Sinatra, que a incluiu no repertório do seu álbum Song for Young Lovers. Desde então, artigos indicam que a música tenha sido regravada em mais de 1300 álbuns/cds, sendo interpretada por mais de 600 músicos diferentes.
Ella Fitzgerald, por exemplo, regravou-a em 1956, no seu álbum Ella Fitzgerald Sings the Rodgers & Hart Songbook.
Behold the way our fine feathered-friend
his virtue doth parade.
Thou knowest not my dimwitted friend,
the picture Thou hast made.
E aqui está a versão instrumental de Chet Baker.
Thy vacant brow and Thy tousled hair
conceal Thy good intent.
Thou noble upright, truthful, sincere
And slightly dopey gent - you are...
Outra musa do Jazz, Sarah Vaughn, eternalizando a canção com sua interpretação.
My funny valentine
Sweet comic valentine
You make me smile with my heart.
Your looks are laughable, unphotographable
Yet you're my favorite work of art.
E por fim, quem eu obviamente não poderia deixar de fora, com uma interpretação dramática, de voz decididamente mais madura e completamente inesquecível: Julie Andrews.
Is your figure less than Greek
Is your mouth a little bit weak
When you open it to speak, are you smart?
Don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay.
Each day is Valentine's Day.