Suplício de uma saudade...

domingo, 11 de outubro de 2009

         No início de 1940 minha mãe se inscreveu na ENSA, ou Entertainments National Service Association (Associação Nacional de Serviços de Entretenimento) [...] Esta era uma organização que havia sido criada sob o intuito de proporcionar alguma espécie de lazer e entretenimento durante a guerra, às forças armadas britânicas, servindo de estímulo a eles [...] Um dia específico, antes de ela ir embora, ficou marcado em minha memória... Mamãe decidiu me levar para passear - o que não era muito comum, considerando que ela nunca tinha tempo para fazer isso comigo - e de mãos dadas demos uma volta pela vila, passando pelas vitrines das lojas. Em uma dessas vitrines, eu vi um vestidinho cor-de-rosa, que era bem fofo porém um tanto exagerado, mas que eu considerei ser o vestido mais bonito que tinha visto até então. Um ou dois dias depois, ao chegar de um outro passeio, percebi que não havia ninguém em casa, e que portanto, minha mãe havia partido sem ter se despedido. Embora ela já houvesse viajado outras vezes, eu pressentia, de uma maneira bem peculiar que só as crianças conseguem sentir, que ela não iria retornar. Ficando extremamente abatida, corri às pressas em direção ao meu quarto, onde encontrei o vestido cor-de-rosa exposto em cima da minha cama, e com ele, um recado cujo conteúdo não tinha nada em especial, apenas a mensagem "Com amor, da Mamãe" ou algo do gênero. Naquele exato instante eu senti meu coração se encher, a ponto de estourar, e então eu chorei, pois eu ansiava por ela, a amava, sentia a sua falta, e sabia que ela havia pensado em mim enquanto partia.
 Julie Andrews - Home: A Memoir of My Early Years - Pag 23 e 24
~**~

2 comentários:

  1. Satya disse...:

    Juro que seu blog é meio doidão pois eu já havia deixado uma mensagem aqui. Só quero dizer que chorei também.

  1. É, eu também não pude não chorar ao ler essa passagem.

Postar um comentário