alô, alô Marciano....

quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Só para constar, hoje finalmente começam as minhas aulas de direção.
Aviso de amigo?

Salve-se quem puder!

O dia em que mataram Eliza Doolittle.

domingo, 25 de outubro de 2009
Reza a lenda de que um é pouco, dois é bom e três é demais.

No caso a seguir eu hei de concordar. Eu não deveria, mas vou me adiantar quanto a um posicionamento e dizer logo que sou terminantemente contra o remake de My Fair Lady; e mais, contra a escolha de Keira Knightley para viver a personagem de Eliza Doolittle.

Tornar-me fã da Julie Andrews implicou em uma série de coisas; uma delas foi de muito tardiamente me doer por Jack Warner não ter permitido, a todos os custos, a contratação de Julie para o papel de Eliza na produção cinematográfica, sob alegação de que, na época, Andrews não era um rosto popular do cinema. Revoltas a parte, tenho um carinho especial pela versão de Audrey Hepburn, que só falha por não saber cantar. Mas vamos deixar esses detalhes quietos porque eu não quero nem entrar no mérito!

Se vão fazer um remake - que, em geral, eu não sou de todo contra - vale ressaltar a necessidade de ter um cuidado extra especial na hora de selecionar o elenco.

As finalistas de Eliza Doolittle (supostamente) foram Scarlett Johanson, que não me apetece de nenhuma forma; Keira Knightley, que é boa atriz e não posso negar, mas que eu acho tremendamente overrated; e Anne Hathaway, a quem eu acredito ser, dentre as caras da young Hollywood, alguém promissora.

Tudo bem, tudo bem, estou aliviada por não escolherem ninguém do High School Musical ou seriados teens da Disney (pior seria se pior fosse!), mas vamos colocar assim: se não existe ninguém a altura de Eliza Doolittle, que é exatamente o que eu acho, não façamos o remake, certo? E outra coisa, Daniel Craig como Professor Higgings? Rex Harrison deve estar protestando lá do além.

Ai ai, deixa estar, viu? Eu quero muito ter o prazer de pagar pra ver e, acima de tudo estar errada, porque a idéia toda é absurda demais, ridícula demais. Daqui a pouco estou acordando com a notícia de que haverá remake de A Noviça Rebelde ou Mary Poppins.

Sou sim a favor da preservação da memória de personagens queridos, com ou sem remake, mas isso nem uma spoonful of sugar helps to go down!

Quando os dotes culinários falham.

Domingo de muito sol, trabalhos a fazer, filme a assistir, e eu acordo com Ana Maria Braga-feelings, pensando que eu deveria assar um Bolo de Laranja.

Como as prioridades precisam ser definidas, primeiro dei toda a minha atenção a vida e obras de Sérgio Bernardes (Perfis do Rio - Lauro Cavalcanti) afim de começar a redigir o artigo definitivo de um trabalho de faculdade. Lá pelas tantas desisti da leitura, que não estava tão prazerosa assim; Sérgio provoca em mim uma miscelânea de sentimentos.
Além disso, não conseguia parar de pensar no bendito Bolo de Laranja.

A princípio imaginei algo do gênero:
Simples,  porém bonito. Uniforme e fiel. Delicioso em sua função.
Pretendia fotografar cada etapa da preparação do doce, mas eu descobri que não sou tão boa multitasker quanto eu gostaria de ser. Tente bater a massa de um bolo enquanto segura uma Nikon P90, (que não é uma câmera pequena), tendo que enquadrar decentemente, controlar velocidade de obturador, profundidade, iluminação, etc e você verá que não é um passeio no parque!

40 minutos depois, na hora de desformar o bolo, partes dele quebraram, como mostra a figura ao lado, e isso foi o melhor que eu consegui fazer.
Triste, não?
Eu preferi deixar a cauda em um recipiente separado. Falhas técnicas e detalhes estéticos à parte, pelo menos ficou gostoso.

Talvez se eu acordar com Ana Maria Braga-feelings mais freqüentemente, isso não se repita, né?

O poder da amizade.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Não é todo dia que se encontra uma amizade entre duas mulheres do meio artístico, especificamente falando, que seja muito duradoura. Existem suas exceções, é claro, e algumas destas duplas da atualidade são Courteney Cox e Jennifer Aniston, Salma Hayek e Penelope Cruz, Nicole Kidman e Naomi Watts, Madonna e Gwyneth Paltrow. Da Golden Age de Hollywood, as parcerias era mais peculiares - de Audrey Hepburn e Sophia Loren, a Lauren Bacall e Katharine Hepburn; Lucille Ball e Vivian Vance.

Dia da Amizade foi no mês de Julho, mas resolvi fazer um post homenageando uma dupla de amigas  que trabalham neste âmbito, que dá gosto de ver: Julie Andrews & Carol Burnett. (E dedicá-lo to the Carol to my Julie, Camilinha - Divagações Kaufmanianas)

As duas foram apresentadas por Lou Wilson, um amigo mútuo, no início da década de 60. Carol estava se apresentando na "Great White Way", em um programa chamado Once Upon a Mattress, e Julie acompanhada de Lou, foi assisti-la. Na mesma noite, Julie, Carol, Lou, e Bob Banner, produtor do show, sairam para jantar. Deu-se início, então, a uma grande amizade que perdura até os dias de hoje (Inclusive, Carol é madrinha de Emma Walton Hamilton, filha do primeiro casamento de Julie com Tony Walton).

Existem inúmeras histórias acerca da natureza do relacionamento das duas, incluindo uma em específico, que ajudou a criar o boato entre as más línguas de que as duas tinham um affair. Os boatos são besteira pura, mas a história, em si, é hilária. Julie Andrews mencionou o acontecido em sua biografia Home: A Memoir of My Early Years e Carol desenterrou a história anteontem, dia 19 de Outubro, durante o 16th Annual ELLE Women in Hollywood Tribute, em Los Angeles, onde Julie foi homenageada como Hollywood Legend. (Julie Andrews and Carol Burnett "Let's Be Kissing" Story)

Segue também links de dois artigos que as duas escreveram, que, para quem não conhece, vale a pena dar uma lida:
My Friend, Julie Andrew (Good Housekeeping Magazine, 1963, by Carol Burnett)
My Friend, Carol Burnett (Good Housekeeping, January 1972, by Julie Andrews)
 
Consequentemente, dessa linda amizade surgiram algumas parcerias profissionais ao longo do tempo, e que também valem muito a pena serem conferidas:



Julie and Carol at the Carnegie Hall - March 5, 1962 - recebeu o Emmy por Outstanding Musical em 1963; 



"Big D" - Esse sketch foi apresentado no The Garry Moore Show e reapresentado no Carnegie Hall.


"The Pratt Family"- Sketch da família Von Trapp, em 1962, muito antes da Julie ser contratada para viver Maria Kutschera. Olha como a vida é irônica, hein!



Julie and Carol at the Lincoln Center - 1971; 
"Madame Abernall" - Esse sketch é hilário!


"60's Medley" 
Parte 01


Parte 02


Julie & Carol Together Again - 1989;
"The Tea Party" - Esse, em particular, é um dos meus preferidos!



"Together Again Medley"

O Brasil sob o olhar de um arquiteto.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Sabe o tipo de idéia que vêm à cabeça e que pela magnitude deveria ser considerada pretensiosa, mas no fundo não é?

Hoje comentei com amigas a vontade que eu tenho de montar um roteiro de visitas e durante as férias sair Brasil a fora conhecendo as cidades do ponto de vista arquitetônico e urbanístico, absorver as suas histórias, culturas e derivados. É diferente você ir a algum lugar e ter como objetivo principal uma leitura crítica com relação a esses aspectos. Sei que depende do caso, mas por certas vezes a euforia de estar em um lugar novo nos impede de assimilar toda essa informação, toda essa bagagem. 

Ano passado fiquei de 14 a 20 de Dezembro na cidade do Rio de Janeiro. Meu intuito principal? Assistir ao primeiro show da Sticky and Sweet tour da Madonna. Entretanto, antes de sair de Manaus elaborei um mini-roteiro dos lugares que eu achava válido ir visitar, tendo em mente, mais ou menos, esses princípios dos quais eu estou me referindo. Até criei um sistemazinho com informações sobre transporte coletivo de acesso a esses pontos e tudo mais. Infelizmente não vingou em nada além do show, foram seis dias de chuva constante... Só saí de Copacabana na véspera de viajar para ir jantar em um restaurante no bairro da Glória.

Mas, enfim, a idéia pseudo-pretensiosa é de que se algum dia as viagens saíssem do papel, poderiam me render registros documentais - gostaria de fazer um diário para cada uma das viagens, fazer muitas e muitas fotos, e, tendo vista que eu, mera estudante do sexto período do curso de Arquitetura e Urbanismo, tenho pouca maturidade profissional, não ousaria oferecer os meus dois centavos na vã tentativa de analisar os aspectos mencionados - e que desses registros, eu poderia pelo menos compilar as fotos de todos os lugares e montar um livro de fotografia: 
O Brasil sob o olhar de um arquiteto.

Acho que fui longe demais, não?
Bem, enquanto sonhar for de graça, voar alto não custará nada.

A jovem do futuro com os pés no passado.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Vivo projetando o futuro e consumindo o passado, apreciando a história da qual eu não faço parte.  Sou amante da arquitetura, música, imagens, filmes, personalidades e informações que se constituem como memória e patrimônio da humanidade, às vezes negligenciadas em detrimento do contemporâneo.

(Mas tenho desprezo pelo pensamento retrógrado)

Sinto saudades do que não é meu, ansejo pelo o que eu não vivi. O ontem não sou eu, meu agora não é aqui.

Ardida como pimenta!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Manaus tem tido dias cinzentos, de nuvens carregadas, ocasionais chuvinhas acompanhadas de muitos trovões como trilha sonora.

Hoje o meu humor decidiu refletir o clima da cidade - amanheceu cinza - e eu, pra piorar a situação, resolvi assistir aos últimos filmes que adquiri... Comecei com a Sociedade dos Poetas Mortos, que me deixou com nó na garganta (e bem na hora do almoço. Au Revoir digestão, né?) e prossegui com O Paciente inglês. Com olhos cheios de lágrima, eu achei prudente quebrar o padrão de filmes bons (ou muito bons) para cortar pulsos em dias chuvosos, e assistir algo mais feliz, lembrando do DVD de Ardida como Pimenta (Calamity Jane, 1953) que estava meio que esquecido, ainda inassistido e à deriva por aqui.

No auge de sua carreira, Doris Day encarna Calamity Jane, uma personagem que tenta disfarçar sua fragilidade agindo de forma máscula e peculiar, manejando seu chicote e lutando contra os índios da região.
Com uma paixãozite mais do que óbvia pelo tenente Danny Gilmartin, personagem de Philip Carey (This Woman Is Dangerous), e uma rivalidade um tanto quanto saudável contra Wild Bill, interpretado por Howard Keel (Sete Noivas Para Sete Irmãos), Calamity é conhecida na região, acima de tudo, por ser boa contadora de vantagens, via intermédio de suas famosas lorotas.
Em uma determinada ocasião, Calamity Jane parte para a cidade de Chicago na promessa de trazer a famosa atriz e cantora Adelaid Adams para se apresentar no vilarejo. Entretanto, ao chegar na "Windy City" entrar nos bastidores do teatro, Jane confunde Katie Brown, personagem de Allyn Ann McLerie (The Way We Were), cujo sunho é poder se apresentar nos saloons das cidades, com a própria atriz.
Confusão feita, Calamity traz em sua companhia a versão falsa de Adelaid para Deadwood. Não é necessária mais do que uma noite para que o segredo de Katie venha à tona. Graças, porém, à intervenção de Jane, o povo concede que ela permaneça no vilarejo. Os verdadeiros problemas surgem à medida que Danny e Katie se apaixonam, enquanto Bill e Calamity, que sofre uma verdadeira transformação graças a Katie, são jogados a escanteio!

A causa da minha irritação precoce é decorrente da idéia do filme de mais ou menos reduzir a imagem de uma mulher independente à masculinidade, dando margem ao conceito de que as mulheres só conseguem ser bem aceitas a medida que elas provam sua feminilidade, vide a tentativa de mudança no comportamento de Calamity Jane. Tendo isso dito, o filme se mostra como um Western Musical muito bem elaborado, com uma trilha sonora contagiante, vencedora do Oscar pela canção Secret Love, com roteiro simples, mas de muito bom humor, cheio de ação do início ao fim, e com uma atuação excelente por parte de Doris, a qual a mesma se refere como sua favorita!

Puro entretenimento, foi a dose de positividade que eu precisava para espairecer.

Amanhã pretendo ter sessão Hitchcock: Um Corpo Que Cai, O Homem que Sabia Demais, Cortina Rasgada.

Tudo é justo no Amor e na Propaganda...

terça-feira, 13 de outubro de 2009
      Ontem eu tive o prazer de assistir Volta Meu Amor (Lover Come Back - 1959), estrelando Rock Hudson e Doris Day no TCM (E legendado! Que benção!), onde Jerry Webster, executivo de uma grande empresa de publicidade de New York, através de métodos pouco ortodoxos, consegue o contrato das Ceras Miller no lugar de Carol Templeton, jovem publicitária de uma empresa concorrente.

Após o advento, na tentativa de escapar das acusações de Carol Templeton, Jerry forja o comercial de um produto imaginário chamado VIP, onde Rebel Davis, uma das garotas que participava de suas noitadas e que fora chamada como testemunha pelo Conselho, iria participar. Com a novidade na boca do povo, Jerry se vê obrigado a procurar por Dr. Linus Tyler, ganhador do Prêmio Nobel de Química, agora em dificuldades financeiras, a quem pede que crie o tal produto.
Ao saber do acontecido, Carol contrata um detetive e avisada pelo mesmo de que Jerry havia ido ao laboratório do famoso químico, decide ir até lá. Pouco antes dela chegar, Dr. Tyler retira-se por alguns minutos, de modo que, ao entrar no local, Carol se apresenta a Jerry, acreditando estar diante do cientista. O trapaceiro aproveita-se da situação para obter o máximo de informações dela.
Daí em diante, fazendo-se passar por um homem inexperiente com mulheres, ele a explora ao dizer que o Sr. Webster prometera levá-lo a restaurantes, cabarés, etc.
O desenrolar da situação eu prefiro não revelar, então só me resta dizer que diferente de Não Me Mande Flores (Send Me No Flowers - 1964), outro filme estrelando a dupla, Volta Meu amor é  para aqueles que gostam de uma comédia despretensiosa e agradabilíssima.
Comecei assistir o filme sozinha e quando terminei, já estavam em minha companhia a minha mãe e meu pai, que gostaram da película tanto quanto eu -a última vez que isso aconteceu foi quando assistimos a Entre Dois Amores (Out of Africa - 1985), um dos meus tearjerkers favoritos! 

Contrários...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009
 
         Outra experiência que eu considerava dolorosa quando ia para Chessington, onde meu pai morava, era a hora de ir dormir. Meu pai me colocava na cama e lia, com sua voz precisa e lindamente modulada, um poema ou alguma história para mim, e eu ficava ali, observando-o enquanto ele se inclinava em direção à luminária da cabeceira da minha cama, estudando seu perfil, amando-o muito, e pensando que como o retorno à casa da minha mãe estava próximo, ele estava ali, dando o melhor de si. Eu ficava extremamente deprimida e tentava de todas as maneiras não chorar, pois sabia que as minhas lágrimas lhe causariam dor e remorso, então eu fingia cair no sono enquanto ele estava lendo, assim eu não teria que retribuir seu beijo de boa noite ou o seu abraço , pois o seu toque suave poderia me desarmar completamente. 
         Um dia, às vésperas do meu retorno a Beckenham, eu me encontrava na pequena sala de jantar, tentando inutilmente me recompor da imensa tristeza que eu sentia, e lá, sobre o aparador, havia uma tigela de vidro, que devido a refração da luz, causada pelo sol entrava pela janela, emanava um colorido similar ao do arco-íris.
         Pensei, então, que seu eu olhasse fixamente para aquela tigela por tempo suficiente, com vontade suficiente, eu haveria de encontrar algo em seus ângulos precisos e agudos que me impedisse de chorar. Eu olhei longamente para o objeto, tentando fazer com que a causa da minha angústia viesse do cristal e não da minha cabeça ou do meu coração.
Julie Andrews - Home: A Memoir of My early Years - Pag 45.

~**~

E um feliz dia das Crianças! Que vocês se permitam serem eternamente jovens.

A ameaça tripla - parte 1.

domingo, 11 de outubro de 2009
          Do episódio de A Ameaça Tripla - parte 01, quero apresentar-lhes  o resultado do encontro de três excelências do mundo cinematográfico: Blake Edwards encontra Julie Andrews, que encontra Henry Mancini (o primeiro é o querido diretor de Bonequinha de Luxo; a segunda é minha diva; e o terceiro, um brilhante criador de identidade musical  de filmes como A Pantera Cor-de-Rosa - 1964)
          O encontro dessas três forças (re)ocorre em  1982, no musical Victor Victoria, onde Blake Edwards propõe como autor e diretor do filme, a história de uma mulher que finge ser um homem que finge ser uma mulher.
           Vencedor do prêmio da Academia de 1983 por melhor Trilha Sonora, Henry Mancini se destaca em um dos seus últimos trabalhos,  pela honestidade da letra de Crazy World e pela melodia levemente melancólica que acompanha a mesma, e que, através da performance de Julie Andrews, fica eternizada na história do cinema.



Crazy world,
full of crazy contradictions like a child
First you drive me wild, and then, you win my heart with your wicked art
One minute tender, gentle, then temperamental as a summer storm
Just when I believe your heart's getting warmer
You're cold and you're cruel and I like a fool try to cope, try to hang on to hope.
Crazy world, every day the same old roller coaster ride;
But I've got my pride, I won't give in, even though I know I'll never win;
Oh, how I love this crazy world.



Suplício de uma saudade...


         No início de 1940 minha mãe se inscreveu na ENSA, ou Entertainments National Service Association (Associação Nacional de Serviços de Entretenimento) [...] Esta era uma organização que havia sido criada sob o intuito de proporcionar alguma espécie de lazer e entretenimento durante a guerra, às forças armadas britânicas, servindo de estímulo a eles [...] Um dia específico, antes de ela ir embora, ficou marcado em minha memória... Mamãe decidiu me levar para passear - o que não era muito comum, considerando que ela nunca tinha tempo para fazer isso comigo - e de mãos dadas demos uma volta pela vila, passando pelas vitrines das lojas. Em uma dessas vitrines, eu vi um vestidinho cor-de-rosa, que era bem fofo porém um tanto exagerado, mas que eu considerei ser o vestido mais bonito que tinha visto até então. Um ou dois dias depois, ao chegar de um outro passeio, percebi que não havia ninguém em casa, e que portanto, minha mãe havia partido sem ter se despedido. Embora ela já houvesse viajado outras vezes, eu pressentia, de uma maneira bem peculiar que só as crianças conseguem sentir, que ela não iria retornar. Ficando extremamente abatida, corri às pressas em direção ao meu quarto, onde encontrei o vestido cor-de-rosa exposto em cima da minha cama, e com ele, um recado cujo conteúdo não tinha nada em especial, apenas a mensagem "Com amor, da Mamãe" ou algo do gênero. Naquele exato instante eu senti meu coração se encher, a ponto de estourar, e então eu chorei, pois eu ansiava por ela, a amava, sentia a sua falta, e sabia que ela havia pensado em mim enquanto partia.
 Julie Andrews - Home: A Memoir of My Early Years - Pag 23 e 24
~**~

Não há melhor lugar que o nosso lar.

sábado, 10 de outubro de 2009
Me contaram que a primeira palavra compreensível que eu falei quando criança foi "Lar".
No dia em que isso aconteceu, meu pai estava dirigindo um Austin 7, que era um carro de segunda mão, e minha mãe estava ao seu lado no banco de passageiro, me segurando em seu colo. A medida que nós nos aproximávamos de nossa modesta casa, Papai tivera que frear o carro para estacionar no pequeno espaço de concreto próximo ao portão, e aparentemente eu quietamente, timidamente disse a palavra: "Lar."
Minha mãe relatou que havia uma ligeira inflexão na minha voz, que não soava exatamente como um questionamento, mas como aquela sensação peculiar de ter uma palavra na ponta da língua, talvez com a deliciosa descoberta da conexão entre o nome e o seu significado.
Para ter certeza que eles haviam me escutado corretamente, meu pai decidiu dar a volta no quarteirão mais uma vez, e ao retornarmos parece-me que eu repeti a palavra.
Minha mãe provavelmente deve ter pronunciado essa palavra mais de uma vez ao chegarmos em casa, e eu me questiono se teria sido com satisfação, alívio, ou se esta seria sua tentativa de estabelecer em mim algum sentimento de conforto e segurança. 
De todo modo, esta palavra se tornou de enorme importância para mim: Lar.
Julie Andrews - Home: A Memoir of my Early Years. Pag 01.

~ ** ~
Bem vindos ao meu novo lar.