Retornando a Camelot.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Hoje à tarde assisti a versão cinematográfica de Camelot (1967), estrelando Richard Harris, Vanessa Redgrave e Franco Nero – Arthur, Guenevere e Lancelot, respectivamente – e, ao término da adaptação, fiquei com um gosto agridoce na boca.

Por vários momentos senti que Redgrave, embora sendo extremamente bonita (fiquei na dúvida durante o decorrer do filme, pensando se era Natasha ou Joely Richardson quem mais se parece com ela) e ótima atriz, tenha sido ‘miscast’ – e não digo isso baseado apenas no fato de que ela não sabe cantar; seu desempenho durante o primeiro ato é pouco convincente, quase inexpressível.

Entretanto, e felizmente, há uma mudança em sua interpretação (que apesar da comparação infeliz que eu irei fazer, me lembra da transição de marcha do câmbio de um carro) à medida que a história se desenrola e vai ganhando ares mais sóbrios na narrativa, onde Vanessa perde um pouco da expressão apática e consegue dar mais personalidade à figura de Guinevere.

Sou um tanto quanto indiferente a Franco Nero. Franco tem um belo porte, apesar de sua atuação ser um tanto quanto sofrível, mas ao menos não canta mal. Aliás, procurei não traçar comparações a esse respeito, afinal estaria sendo injusta. Existe alguém que consiga superar Goulet cantando If Ever I Would Leave You? Se sim, ainda não tive a chance de conhecer.

Para a minha surpresa, Richard Harris, a quem eu nutro pouquíssima simpatia, é quem carrega o filme com muita habilidade. Por algum motivo, não acho que a sua interpretação do rei Arthur tenha diferido muito da de Richard Burton – que a propósito, era seu amigo. A cena final onde Arthur encontra Tom of Warwick e explica ao garoto que a sua missão é fazer com que a história de Camelot permaneça viva, é uma das cenas mais tocantes de todo o filme.

"Don't let it be forgot that once there was spot, for one brief shining moment, that was known as Camelot."

À esquerda: Harris e Redgrave, no papel de Arthur "Wart" e Guinevere, na adaptação cinematográfica.
Fonte: http://socalpersian.blogspot.com/2007_12_01_archive.html 
À direita: Burton e Andrews, como Arthur "Wart" e Guinevere, na produção original da Broadway.
Fonte: http://www.achievement.org/autodoc/page/and0gal-1 

No geral, não tenho parâmetros para comparações – o mais próximo que cheguei da produção original da Broadway (1960), com Richard Burton, Julie Andrews e Robert Goulet, foi através da trilha-sonora (que eu amo verdadeiramente, e escuto sem parar) e dos pequenos trechos gravados para o programa The Ed Sullivan Show – e sendo assim, não consigo decidir se realmente gostei da adaptação ou não. 


Embora algo me leve a crer que mais cedo ou mais tarde eu aprenderei a apreciar o filme pelo  o que ele é, afinal de contas, eu sou extremamente fascinada por esta fábula, acredito que só o tempo e várias doses de Camelot darão asas para que eu chegue a uma conclusão.

 Fonte: www.corbisimages.com

E aos que tiverem interesse em adquirir o filme, eu comprei o meu na Videolar.com por um preço extremamente camarada. Aproveitem enquanto é tempo, pois a Warner está retirando-o de seu catálogo (junto com Whatever Happened to Baby Jane) para colocá-lo em moratória e lançá-los em 2012, em Blu-Ray, em edição comemorativa de 45 anos.

From The Once and Future King,
“The best thing for being sad,” replied Merlin, beginning to puff and blow, “is to learn something. That’s the only thing that never fails. You may grow old and trembling in your anatomies, you may lie awake at night listening to the disorder of your veins, you may miss your only love, you may see the world about you devastated by evil lunatics, or know your honour trampled in the sewers of baser minds. There is only one thing for it then — to learn. Learn why the world wags and what wags it. That is the only thing which the mind can never exhaust, never alienate, never be tortured by, never fear or distrust, and never dream of regretting. Learning is the only thing for you. Look what a lot of things there are to learn.”
- T. H. White

7 comentários:

  1. As Tertulías disse...:

    Lorena, que loucura... uma das minhas primeiras postgems foi sobre Camelot... Usei até a mesma foto do poster - Veja! - Mas ninguém leu... Te desejo mais sorte... :-)) Beijos Ricardo

  1. Tão bom quanto assistir a grandes filmes é ler sobre eles. É uma experiência complementar bastante enriquecedora.
    Parabéns pelo blog. Vou linká-lo. Apareça no meu. Aguardo você.

    www.ofalcaomaltes.blogspot.com

  1. Oi, Lorena!

    Seu post me fez ficar com vontade de ver o filme. Não o conheço, mas também adoro o CD da peça da Broadway (que está no meu mp4 faz muito tempo) - talvez seja por essa admiração que você tem pela versão protagonizada pela Julie que tem dificuldade de aceitar irrestritamente o filme.

    Como você afirmou que gosta da lenda, talvez gostasse de ver Lancelot, com Julia Ormond, Sean Connery e Richard Gere - é um filme do qual gosto muito. Mas ela também elimina o que há de licencioso na lenda, assim como a peça da Broadway. E no filme, a relação entre Guinevere e Lancelot fica só no platônico ou chega às vias de fato?

    Bjs
    Dani

  1. Ricardo,
    Ainda não tive oportunidade de ler a sua postagem sobre o filme, mas irei ao seu blog para dar uma olhada e deixar meu comentário.

    Antônio,
    Concordo plenamente com você. Obrigada pelo comentário. Também lhe adicionei aos blogs que 'sigo'.

    Dani,
    Talvez você tenha razão, apesar da minha tentativa de não traçar paralelos e comparações entre a peça da Broadway e o filme. Em termos de arranjos e interpretações musicais, sem a menor sombra de dúvidas, eu escolheria a peça - mas isso não quer dizer que o filme não tenha seu próprio brilho.
    Como eu disse, estou inclinada a crer que aos poucos o filme crescerá no meu conceito.

    Lembro de ter assistido Lancelot há muito, muito tempo atrás. A lembrança é muito vaga para fazer qualquer tipo de julgamento. Vou procurá-lo para reassistir.

    E quanto a relação entre Guinevere e Lancelot, sim, ela chega às vias de fato. Aliás, o romance transcendeu a ficção, pois Vanessa Redgrave e Franco Nero tiveram um tórrido love affair durante as gravações, e Vanessa engravidou dele. E por incrível que pareça, eles se casaram há alguns poucos anos atrás.

    Se quiser assistir ao filme, posso gravar uma cópia pra você. É só me avisar.

    Beijos a todos.

  1. As Tertulías disse...:

    Sobre o porque de Joshua Logan nao ter usado Julie na versao cinematográfica. Ele disse: "Voce pode imaginar dois exércitos, dois países, milhares de homens lutando por Julie Andrews?"

  1. É, eu sei disso. Mas antes de Joshua Logan tecer esse tipo de comentário, ele teve que aturar Jack Warner fazendo lobby para ter Julie no elenco. É quase engraçado que esse tipo de situação tenha ocorrido, senão irônico.

    Julie não aceitou, porque além de Richard Burton ter passado a oferta, ela já tinha outros filmes em contrato, um deles sendo Thoroughly Modern Millie.

  1. Uau, Lorena, que babado! Às vezes a vida imita mesmo a arte!...

    Quero sim o filme - grave-o pra mim, please. Vamos combinar uma troca de dvds (te escrevo comentando minhas mais novas aquisições)? A propósito, o Victor Victoria de 80,00 da Fnac Campinas continua lá, junto de três cópias de Nasce uma Estrela, também importadas e pelo mesmo preço. Parece que vão permanecer lá por muito tempo, hehehe.

    Não conhecia essa disputa que tem Logan como protagonista. Em Hollywood, poucos se aproveitavam da oportunidade de ficarem calados. Já ouvi uma porção dessas frases pseudo-engraçadas saídas das bocas de diretores e atores. Enfim...

    Você que gosta de filme argentino, se se animar, passe lá pelo blog que há um post sobre "O filho da noiva" - e sobre uma comédia do Lubitsch - duas produções que adoro. Depois diz o que achou.

    Bjocas
    Dani

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