“Look at me! Look at you. You're a bum. Look at you. And look at us. Look at us. C'mon look at us! See? A couple of bums.”
Diante da insatisfação pessoal de exercer uma função que não condiz com a sua profissão, Clay embarca rumo à decadência, e arrasta consigo a companheira a quem induziu ao vício, e que ateia fogo acidentalmente em seu apartamento durante o primeiro de uma longa série de estupores alcoólicos que estão por vir.“You remember how it really was? You and me and booze - a threesome. You and I were a couple of drunks on the sea of booze, and the boat sank.”

Diante de mensagens e dinâmicas tão evidentes, só nos resta ceder à lição moral aplicada. O vício, do chocolate às drogas, por definição literal, é uma tendência maléfica e sem sutilezas. Curiosamente, temos como exemplo os próprios protagonistas da história, Jack Lemmon e Lee Remick, assim como o diretor Blake Edwards, que enxergaram apropriadamente a experiência cinematográfica mais como uma catarse do que um melodrama cujo princípio é de incitar cargas acusativas, que lhes induziu a procurar a ajuda necessária para abandonar seus respectivos vícios. Há quem diga que a idéia da dupla era usar o longa-metragem como veículo para provar a sensibilidade de ambos, ator e diretor, além da comédia, gênero pelo qual os dois se tornaram populares. Mas verdade seja dita, se esta era a verdadeira intenção, deve-se levantar bandeira branca e comemorar o tal feito, pois foi o projeto foi realizado com grande felicidade.
Blake propõe uma direção linear, desprovida de truques e artifícios, sensível o suficiente para fazer jus ao enredo e as personagens, completando as lacunas que haviam sido deixadas no roteiro durante o processo de adaptação; Jack Lemmon, por sua vez, injetou traços levemente cômicos a Joe Clay, com características por hora afetuosas, repetentes ou cruéis, eliminando qualquer dúvida relacionada à sua capacidade como ator dramático. Isso sem falar em Lee Remick, que dá voz aos tormentos de Kirsten, ou ainda, de seus atores secundários, que ajudam a ilustrar esta narrativa sobre um vício maldito e dias de vinho e de rosas."The Days of Wine and Roses" recebeu cinco indicações ao Oscar de 1963, vencendo a categoria de melhor canção, composta por Henry Mancini e Johnny Mercer.
They are not long, the weeping and the laughter,Love and desire and hate:I think they have no portion in us afterWe pass the gate.They are not long, the days of wine and roses:Out of a misty dreamOur path emerges for a while, then closesWithin a dream.- by Ernest Dowson


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Anônimo disse...Lorena minha querida, viva voce por resgatar este (quase) esquecido filme da prateleira das nossas memórias... eu particularmente, considero uma obra-prima, um dos melhores de Blake... Lemmon está fantástico... e Lee Remick, minha querida Lee Remick (a assisti numa "Gala" de "Follies" - cantando e bailando - linda!). Nao podemos esquecer de Charles Bickford - o ex-gala de Garbo em Anna Christie e empresário de Judy/Vicky Lester em "A Star is born" - magnífico! Talvez o melhor ator do filme - aquele homem amargurado que engole, engole, engole... e sofre, sofre, sofre... Lorena querida, valeu esta postagem para o feriado!
Beijos
Ricardo
P.S. Vou meu comentário sobre voce no "Grupo de blogs do Cinema Clássico"?????