My Funny Valentine: mil vozes e uma só canção.

quarta-feira, 28 de julho de 2010
O ano era 1937, e Richard Rodgers e Lorenz Hart haviam composto letra e música para o espetáculo “Babes in My Arms”. Dois anos mais tarde, em 1939, este musical da Broadway seria adaptado às telonas do cinema, sendo estrelado pela dupla Mickey Rooney e Judy Garland.



Dentre as várias canções do espetáculo que viriam a ser eternizadas – “Where or When”, “I Wish I Were in Love Again” e “The Lady is a Tramp”, só para citar algumas – uma recebeu destaque especial ao ser popularizada através do Jazz anos mais tarde.

“My Funny Valentine”

O conceito era simples, quase clichê.
Em sua autobiografia, Richard Rodgers conta que a canção “My Funny Valentine” foi escrita para Susan Ward, a protagonista da história. Nela, Susan satiriza alguns atributos físicos do seu interesse amoroso Valentine White. Entretanto, ao final ela pede que ele não tente mudar, pois são seus “defeitos” que a cativam. Contudo, mais do que o belo arranjo composto ou as belas palavras escritas por "Rodgers e Hart", a verdadeira receita para o sucesso, e por fim, eternalização desta música, estaria nas mãos – ou melhor, nas vozes daqueles que a cantariam nos anos por vir.


Tudo começou com a vocalista da Orquestra Hal McIntyre Ruth Gaylor, que colocou a canção no décimo-sexto lugar das paradas da Billboard por uma semana, com a sua gravação em 1945. Ainda sim, essa notoriedade foi efêmera e logo "My Funny Valentine" entrou em outro período de esquecimento, ficando à mercê dos cantores dos cabarets da cidade de Nova Iorque, que tinham por tradição manter essas grandes melodias dos anos 20 e 30 vivas.

A música só seria resgatada em 1952, pelo tocador de trompete Chet Baker, que até então era conhecido exclusivamente por ser um instrumentalista; e depois verdadeiramente popularizada, através da regravação na voz de Frank Sinatra, que a incluiu no repertório do seu álbum Song for Young Lovers. Desde então, artigos indicam que a música tenha sido regravada em mais de 1300 álbuns/cds, sendo interpretada por mais de 600 músicos diferentes.

Ella Fitzgerald, por exemplo, regravou-a em 1956, no seu álbum Ella Fitzgerald Sings the Rodgers & Hart Songbook.


Behold the way our fine feathered-friend
his virtue doth parade.
Thou knowest not my dimwitted friend,
the picture Thou hast made.

E aqui está a versão instrumental de Chet Baker.


Thy vacant brow and Thy tousled hair
conceal Thy good intent.
Thou noble upright, truthful, sincere
And slightly dopey gent - you are...

Outra musa do Jazz, Sarah Vaughn, eternalizando a canção com sua interpretação.


My funny valentine
Sweet comic valentine
You make me smile with my heart.
Your looks are laughable, unphotographable
Yet you're my favorite work of art.

E por fim, quem eu obviamente não poderia deixar de fora, com uma interpretação dramática, de voz decididamente mais madura e completamente inesquecível: Julie Andrews.


Is your figure less than Greek
Is your mouth a little bit weak
When you open it to speak, are you smart?
Don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay.
Each day is Valentine's Day.

3 comentários:

  1. As Tertulías disse...:

    Linda postagem!!!! Apesar de (como voce sabe) ser um fa incondicional de Julie, nao gosto desta gravacao. Sua técnica já estava "passada" e ela faz um uso desesperado de "floriados" (em todo o disco por sinal), para conseguir passar pela linha melódica, dos quais nao gosto... Mesmo assim, uma linda postagem... Só faltou Kim Novak em "Pal Joey" (Adoro aquela cena, Kitsch and all... ). Beijos Linda!!!!
    Ricardo

  1. Obrigada pelo comentário, Ricardo. Pena você não gostar da versão da Julie... é uma de minhas preferidas! (e não é por ser fã incondicional) :)

  1. Adorei conhecer a história da música, Lorena! Curioso ela não ter sido inserida na versão cinematográfica de "Babes in Arms". Seu humor agridoce cairia como uma luva na voz de Judy Garland.

    Não consegui ouvir todas as versões que vc inseriu aqui, mas gostei da de Julie. Concordo com o Ricardo que o arranjo e a linha melódica não são os mais modernos, mas ouvir a Julie cantando depois de tanto tempo dá uma sensação gostosa de nostalgia. Algo muito up to date não combinaria com a nova persona dela - tão bem explicitada nos 2 filminhos recentes em que ela faz a babá da Sofia Vassilieva.

    A Wanderlea fez uma interpretação da canção muito parecida com essa para o álbum que lançou em 2008. Bem bonita tb!

    Bjs
    Dani

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