Nada como uma boa secretária... (parte dois)

segunda-feira, 17 de maio de 2010
Aqui vai mais um capítulo que eu traduzi do livro The Super Secs: Behing the Scenes with the Secretaries of Movie Stars. Neste trecho, Linda Hunter relata como retornou a trabalhar com Blake Edwards e qual era a sua impressão de Julie Andrews antes de conhecê-la.

“Não farei nenhum filme por enquanto, Linda. Irei me dedicar exclusivamente à Causa Negra. Acredito que Alice será capaz de lidar com tudo, então não acho que haverá trabalho o suficiente para vocês duas,” disse Brandon.
Em seguida nos despedimos entre abraços e promessas de manter o contato, e depois me declarei oficialmente desempregada. “Tirarei longas férias...” eu pensei comigo mesma - até receber um telefonema de Blake alguns dias depois.
“Ouvi dizer que você não está trabalhando, e eu estou precisando de alguém...” ele comentou. 
“Bem...” eu hesitei. “Eu estou disponível, mas...”
Meu conflito estava acima da minha vontade de tirar as tais longas férias. A realidade era que a vida de Blake agora envolvia Julie Andrews, e pra ser bem franca, eu estava receosa em trabalhar para a Mary Poppins. Aquela doçura em excesso não era muito atrativa pra mim. Eu conseguia imaginá-la correndo pela casa, cantando “The Hills are alive...” estampando um sorriso capaz de produzir náuseas – toda certinha e apropriada, usando blusas de gola alta, cheias de babados.  
A personalidade dela parecia um contraste extremo em comparação a de Blake, que era dono de uma atitude bem informal, e que tinha uma verdadeira paixão por piadas. Mas eu queria ver Blake de novo, e antes que eu pudesse evitar, me ouvi dizer a ele, “Sim, estou interessada”
Então lá estava eu, durante uma tarde ensolarada de sábado, dirigindo por uma estrada sinuosa a caminho da casa de Blake, me sentindo infinitamente mais segura e confiante do que na tarde chuvosa em que fui à casa de Marlon Brandon, um ano antes.
Blake havia me orientado para procurar um carro que estivesse estacionado na garagem, com um adesivo na traseira escrito “Mary Poppins é uma drogada.”
Eu ri, pensando que este era exatamente o tipo de piada que Blake faria, mas o carro com o adesivo de fato estava lá. Estacionei atrás dele, e andei pelo longo caminho que levava à porta da casa. Ao chegar lá, toquei a campainha.
Uma empregada me recebeu, me levando a uma sala iluminada, com cheiro de velas aromáticas da Rigaud, cheia de flores e pinturas abstratas feitas por Blake, que apareceu quase que imediatamente para me cumprimentar
Seu cabelo castanho agora tinha alguns toques de cinza, mas ele ainda tinha a mesma característica juvenil, e se vestia de maneira bem informal, como sempre - calça cáquis, gola role e um par de sapatilhas. Ele me olhou, depois me cumprimentou com um beijo nas bochechas.
“Como você tem andado, Linda? Você aparenta estar ótima!”
“Eu estive muito bem… ocupada, é claro. Como você sabe, estava trabalhando para Marlon Brandon.”
A reação dele me surpreendeu, apesar de ter sido normal em comparação a de um fã. “Como foi trabalhar para ele? Quero dizer, como ele é de verdade?”
Minha resposta foi evasiva. “Foi bom, ruim, maravilhoso, terrível, bem divertido, uma experiência incrível e sempre muito interessante... da mesma forma que foi trabalhar para você.”
Ele sorriu. “Pois é, você já passou por isso... Mas eu quero que você conheça a Julie.” E como se estivesse esperando por sua deixa, Julie adentrou a sala – quer dizer, eu presumi que fosse Julie, porque ela andou em direção a Blake e lhe deu um abraço e um beijo bem apaixonado.
De todo modo, esta certamente não era a Julie Andrews que eu havia imaginado. Esta mulher era mais alta, mais magra, embora curvilínea, e ela definitivamente não estava usando nenhuma blusa de gola alta com babados. Ela usava uma blusa de seda na cor azul turquesa, desabotoada o suficiente para relevar um modesto decote, e um par de calças brancas bem justas que revelavam sua bela figura. Sua pele brilhosa era impecável, as cores dos seus olhos eram da mesma cor da blusa azul turquesa e o cabelo castanho-claro estava meio jogado para todos os lados – não era extremamente curto e enrolado como eu havia visto em fotos. Ela andou até a mim, sorriu e revelou os dentes mais brancos e perfeitos que eu já tinha visto fora de um comercial de pastas de dente.
“Olá, eu sou Julie Andrews, e você deve ser a Linda. Muito prazer em conhecê-la. Aceitaria uma taça de vinho?”
Eu tomei o vinho enquanto nós três passamos o tempo sentados, conversando, rindo e nos divertindo. Eu não queria que aquela tarde, tampouco que a minha recém amizade com Julie, acabasse.
“Quando eu começo?” eu perguntei.
Blake sorriu e respondeu: “Segunda-feira de manhã.”

1 comentários:

  1. Dayanna Gonçalves disse...:

    Estou com MUITA vontade de ler esse livro agora!

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